segunda-feira, maio 28, 2012

«O drama, o horror e a tragédia»...

... do sistema de ensino nacional, aqui espelhado em todo o seu esplendor.
A juntar a isso, a tragédia ortográfica que se abateu sobre a Língua Portuguesa desde o início deste ano. Inacreditávelmente, três ortografias co-existem: o Português, o «acordês» e uma mistura de ambas - esta última aqui patente.
Poder-se-à dizer que foram os miúdos do 7ºano que assinaram. Mas esse não é um pretexto válido até porque, ainda no meu tempo, já um aluno da 3ª classe não se permitia escrever assim.
 Infelizmente hoje em dia, os alunos do ensino público na sua maior parte, depois de nove e até doze longos anos de escolaridade saem com uma confrangedora formação: saem sem saber exprimir-se oralmente, com uma calígrafia horrorosa e imperceptível, sem saber escrever um texto, com este a ostentar erros ortográficos grosseiros, escrito de forma rudimentar; saem sem saber articular frases e pensamentos; saem sem capacidade crítica, sem um raciocínio lógico desenvolvido e em péssima forma mental; saem sem desenvoltura de cálculo mental, sem saberem a tabuada, sem conhecerem e saberem aplicar propriedades básicas da álgebra e da aritmética; saem sem auto-disciplina, sem saber estudar, sem brio... Em muitos casos, os seus cadernos diários são medonhos - um borrão do princípio ao fim.
E por fim a bandalheira, a violência contra docentes (que também são vítimas do estado a que chegamos) e auxiliares, por parte de alunos e encarregados de educação (que em vez de castigarem os seus educandos pelas más notas, castigam, ao invés, os docentes, ameaçando-os e agredindo-os como se estes fossem os culpados pelas baldas dos seus alunos).
É trágico! É funesto! Infelizmente os alunos de primeira água são uma imensa minoria e quem perderá será o País e seremos todos nós enquanto povo. Alguns deles, dos mais baldas, dos mais calões, dos mais medíocres irão, aliás, já se encontram a presidir aos destinos da Nação, de Concelhos, de Freguesias e por aí espalhados por tudo quanto é sítio, que nem uma praga, e os brilhantes resultados estão à vista.
Neste caso em particular ressalta, o mix português-acordês, as más construções frásicas, palavras escritas com minúscula quando se exige letra capital a juntar a uma forma também ela má: uma má distribuição do texto com a primeira metade da folha densamente povoada de texto e a metade inferior práticamente em branco.
Para cúmulo, repare-se no canto superior esquerdo: o documento antes de sair cá para fora, teve que passar pelo crivo da direcção. Não se lê o que se assina? Não se faz uma análise criteriosa até porque é a imagem da instituição até mais do que dos próprios alunos que sai beliscada? Será que se pretendeu premiar a capacidade criativa dos alunos? Lamento dizer mas a ortografia é rígida e não permite tal. Ou está correcta ou não está correcta. E correcto não significa escrever com a imposição ditatorial do «Aborto Ortográfico».
Quando um estabelecimento de ensino se permite a saida de uma coisa destas...
Só para rematar, um testemunho pessoal: no âmbito de uma das disciplinas de Mestrado que frequento (Ordenamento e Gestão do Território) quando o professor - um professor universitário - nos alerta, alunos de Mestrado, para ter cuidado com a forma de escrever e enfatiza que, relativamente ao trabalho que teremos de entregar, haverá penalizações se estes estiverem escritos num português macarrónico e com erros ortográficos e quando um colega perguntou se o português correcto que o professor exige implica escrever usando o Acordo Ortográfico e este responde com um horrorizado «claro que não»; que se refere apenas a erros ortográficos e a más construções frásicas está tudo dito.


Sem comentários: