terça-feira, outubro 17, 2006

Nesta terra não há nada que resista III

A Ermida
Até meados dos anos oitenta as casas contíguas à Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso - monumento construido no século XVI e que fica situado junto à estrada que liga o Torrão a Vila Nova da Baronia - estavam habitadas. Mas com a partida das últimas pessoas, a degradação e, posteriormente, a ruína tornaram-se uma realidade. Os silvados e a bicharada invadiram o que restava ficando apenas a ermida a salvo embora esta já se encontrasse numa situação, digamos, delicada. Urgia restaurar o espaço, algo que finalmente foi levado a cabo há cerca de seis, sete anos, salvo erro e que muita satisfação me deu. Mas será que depois disso algo veio mudar? Algo como o abandono e a degradação? Algo como a salvaguarda do espaço? Algo como o incentivo a que pessoas com poucos recursos pudessem ir viver para ali e se encarregassem de zelar pela ermida evitando o vândalismo e o roubo? Algo como a rentabilização, ou dito de outra forma, como o aproveitamento do monumento para realizar bailes, romarias, etc? Vou-vos apresentar - sim até a vós torranenses, a vós que se bateram pelo restauro, a vós actuais e antigos membros da Junta de Freguesia, a vós membroas da ADT, entidade responsável pela implementação do projecto de restauro, a vós todos porque tenho a certeza que nunca mais foram à ermida ou, se foram, foi só para tirar umas fotografias à fachada e, principalmente, a vós responsáveis pela Fábrica da Igreja Paroquial do Torrão - a Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso... no seu todo! Senhoras e senhores apresento-vos a Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso em Outubro de 2006. Vinde pois!


Fundo perdido: Tenho cá para mim que o programa de atribuição de fundos comunitários devia ter, no caso específico de Portugal, uma designação diferente. Seria uma alteração simplissíssima mas bem esclarecedora que consistiria apenas na substituição do primeiro «E» por um «O». É que, palavra de honra, para FODER fundos comunitários, como Portugal não há pai! Senão vejamos:


Basta dar meia duzia de passos para encontrar estas estruturas caídas. Ao que parece são balaústres. Mas de onde foram arrancados?! Estranho! Mesmo uma observação minuciosa não permite identificar a sua posição original. Talvez os mais perspicazes consigam vislumbrar alguma coisa mas... se calhar até foi alguém que trouxe aquilo de algum lado e deixou ali. Quem sabe!


Esta não lembraria nem ao diabo! Algum rapaz (ou rapariga; sabe-se lá... é que isto da igualdade tem muito que se lhe diga e está na moda e eu, que nem mesmo quando estes assuntos não estavam «in», nunca discriminei ninguém; muito menos o sexo oposto) resolve dar-se ao trabalho de trazer uma marreta de casa e desatar a partir a parede. Humm será que os balaústres fazem mesmo parte da «mobilia» e foram também eles mesmos arrancados à marretada? Vai lá vai...


Para além de também ser visível o efeito da degradação natural como a corrupção das paredes pelo seu maior inimigo - o salitre - podemos ver os estragos infligidos pela fauna que resolveu aliar-se circunstâncialmente ao dito cujo. Quem sabe se não quereria apenas dar um toque pessoal, um toque artístico procurando dar um efeito de antiguidade às ditas ou então a sua fúria destruidora é motivada por algum trauma de infância e, sendo assim, estamos perante um caso clínico do domínio do foro psiquiátrico!


Ou vai ou racha I - As marcas deixadas na porta não deixam margem para dúvidas. Uma patada certeira e... já está. Não, não fui eu fiquem descansados! Quando eu vim investigar já isto estava assim limitando-me apenas a entrar. Sigam-me!


Uma casa de banho toda equipada para estar às moscas ou melhor, para estar aos pardais. Valeu a pena? MAS CUIDADO: Nada garante que numa segunda vaga o homem (ou mulher) da marreta não resolva destruir o que ainda está inteiro.


A sujidade desta bacia é bem reveladora de que aqui ainda ninguém lavou as mãos mas talvez isso mude quando todos começarem a lavar as ditas à maneira de Pôncio (Pilatos bem se vê) no que a este assunto diz respeito.


Definitivamente, neste polivan também ainda ninguém tomou banho. Os pardais é que pelos vistos curtem à brava ir morrer ali. Um «case study»!

Ou vai ou racha II - Outra porta «bem tratada». Não há dúvidas, o método de abertura é tremendamente eficaz... e não necessita de chave; essa é que é essa! Bora lá acima...


Ou eu me engano muito ou aqui ninguém mais pôs os pés desde que isto foi construido exceptuando os pássaros, o visitante misterioso e, claro, «moi même».

Hummm, esta estrutura de suporte faz-me lembrar qualquer coisa que já tinha visto anteriormente. A vós não??? E aqui na foto em baixo... olha outra... e mais uma vez a sensação de que ali assentava qualquer coisa que alguém achou que... não assentava bem!

E mais outra... três! Quantos balaústres estão caídos no chão encostados à parede? E pronto está esclarecido o mistério da origem dos pobres balaústres. Reconstituição do crime: Abriram a porta com «delicadeza» como se viu pelas marcas que essa ostenta, entraram - obviamente sem pedir licença - subiram as escadas que dão acesso à varanda sempre na boa companhia da tal dita marreta e depois ZUMBA foi só usar a ferramenta. Simples não? Eu não dizia que esta não lembraria nem ao diabo? As pistas estavam lá todas era só juntar 2 + 2!

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